terça-feira, 30 de março de 2010

Sobre a imprensa

Se analisar a imprensa em muitas palavras não é fácil, imagine então sintetizá-la apenas em “sim” ou “não”. Essas eram as únicas alternativas na pesquisa realizada por acadêmicos do 2º ano de Jornalismo e que objetiva conhecer as impressões do público a respeito do trabalho da imprensa em seus diferentes canais de transmissão da informação. O resultado foi um pouco assustador. A maioria das pessoas não confia na imprensa (51,2%) e as que dizem confiar (48,8%) demonstram ainda alguma desconfiança ou confiam apenas parcialmente, levantando sempre algum aspecto contraditório. Se existisse a opção “depende”, sem dúvida todos a escolheriam. Mas, afinal, essa confiança depende do que? Será que depende do trabalho desempenhado pelo jornalista ou da análise defasada de grande parte do público em relação aos profissionais da comunicação?

Vamos primeiro à visão do público. Nas declarações que analisamos de pessoas que confiam na imprensa alguns pontos são comuns, como a manipulação das informações, a distorção dos fatos (principalmente quando se trata de política) e o jogo de interesses. Tudo isso (infelizmente) são situações que ocorrem nos meios de comunicação de massa e o leitor, internauta ou telespectador está certíssimo em apontá-las para que sejam combatidas. A questão é: quantas vezes a imprensa brasileira errou? Mas, quantas vezes ela acertou?

A opinião pública tem se mostrado muito rancorosa em relação aos jornalistas. Parece mais fácil lembrar de uma falha jornalística, como o caso da Escola Base, do que de incontáveis reportagens belíssimas ou de coberturas impecáveis de fatos históricos, como a Copa do Mundo ou as eleições presidenciais. Com isso eu não pretendo tirar do jornalista a responsabilidade pela falta de confiança depositada na imprensa, mas apenas reduzi-la ao que de fato ela é.

A população costuma cometer equívocos quando julga não confiar em reportagens políticas, sendo que na verdade o alvo da desconfiança são os políticos, o governo. O papel do jornalista é apenas informar e esclarecer. Não temos o poder de consertar aquilo que está errado no mundo. É claro que existem jornalistas e jornalistas. Alguns éticos, outros nem tanto. Mas existem vários profissionais sérios e comprometidos com a fidelidade dos fatos e isso não pode ser esquecido.

Melhorar a qualidade do material jornalístico que chega ao público deve ser uma operação conjunta, onde o jornalista se esforça para realizar o seu trabalho de forma cada vez mais aprimorada e a população reconhece isso e dá aos profissionais da comunicação os créditos que eles merecem.

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