sexta-feira, 22 de julho de 2011

O aniversário é do Greenpeace, mas a comemoração é dos transgênicos

26 de abril de 1990. Angra dos Reis estava em luto. Era possível avistar centenas de cruzes afixadas no pátio da usina nuclear lembrando o trágico acidente em Chernobyl, que tirou a vida de 800 ucranianos quatro anos antes. Mas, o clima fúnebre trazia consigo um restinho de esperança. O gesto representava o início do Greenpeace no Brasil e demonstrava alguma preocupação com o meio ambiente. 

Ações proibitivas e polêmicas a parte, o fato é que este ano comemoramos o 19º aniversário verde-amarelo do Greenpeace e o Paraná parece não ter tantos motivos pra comemorar. O discurso firmemente bradado por aqui desde meados de 2000, até agora não surtiu efeito. Apesar do esforço, a ONG não obteve resultados consideráveis na luta contra os organismos geneticamente modificados (OGMs). 

Em outubro de 2003, a Assembléia Legislativa Paranaense aprovou a Lei 14.162/03, que proibia a manipulação, industrialização e comercialização de produtos transgênicos em todo o Estado. Porém, em dezembro do mesmo ano, o Supremo Tribunal Federal deferiu medida liminar em ação direta de inconstitucionalidade que suspendeu a lei. Era o empurrãozinho que faltava para que os agricultores daqui apostassem definitivamente nas promessas de redução de custo e aumento da produtividade disseminadas pelos transgênicos. 

No final de fevereiro deste ano, foi divulgado o relatório anual do Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (Isaaa, na sigla em inglês) e o Paraná é o terceiro estado brasileiro que mais plantou sementes geneticamente modificadas em 2010, atingindo uma área total de 4,8 milhões de hectares. 

A tese defendida pelo Greenpeace de que a resistência que as sementes transgênicas têm em relação aos agrotóxicos colocaria em risco a saúde humana; e, de que o uso de agroquímicos decorrentes do plantio de transgênicos ameaçaria o futuro da biodiversidade agrícola, parece não ser suficiente para sensibilizar os agricultores. 

Há quatro anos, Marcus Rabaiolli começou o plantio de soja transgênica em suas propriedades de Santa Helena (PR) e Dourados (MS). “A semente transgênica deixa a la-voura mais limpa, o manejo é mais simples e mais eficiente também”. 

A semente transgênica é fornecida pela multinacional americana Monsanto, que estipula uma cobrança de royalties de R$ 0,44 por quilo para uso da semente geneticamente modificada, o que torna o custo mais alto em comparação com a semente convencional. Assim, a vantagem econômica apontada pelos agricultores diz respeito à redução no uso de venenos e de combustível para o maquinário. 

Luciano Grando possui 14 hectares de terras em Alto São Salvador, distrito de Cascavel (PR) e cultiva apenas soja transgênica. “Ah, é muito melhor! Usa muito menos veneno e também não prejudica as máquinas”. 

No contexto geral dos transgênicos, fica nítida a divergência de opiniões entre agricultores e ambientalistas. Enquanto uns afirmam que “os transgênicos não fazem mal, não. Isso aí é tudo conversa”, outros apontam grandes problemas causados por eles, como contaminação genética e sérias ameaças à biodiversidade. 

O grande vilão de toda a história é o glifosato, ingrediente ativo do veneno Roundup, que é produzido pela Monsanto para ser utilizado nas lavouras de transgênicos. O argumento dos agricultores é baseado na classificação toxicológica do produto. O Roundup é “faixa verde”, o que indica que é pouco tóxico. 

Mas, o Greenpeace alerta que “as culturas transgênicas são resultado de tecnologia imprecisa, com consequências imprevisíveis e que oferecem riscos ao meio ambiente” e que “o Roundup destrói desnecessariamente plantas inofensivas. Isso pode levar à diminuição da diversidade das plantas silvestres, com consequências danosas para os animais que dependem delas.” 

Neste duelo ideológico entre a ONG e o agricultor paranaense não é possível definir um vencedor, mas o grupo dominante apresenta alguns aliados. Dorival Vicente é pesquisador da Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola, Tecnologia da Nossa Terra (Coodetec) e defende a posição dos agricultores. “A transgenia é uma ferramenta para o agricultor aumentar a produtividade, manter seus custos e produzir alimentos seguros.” 

Manifestações, fiscalização e muita pressão. Até agora nada disso foi suficiente para o discurso do Greenpeace convencer o Paraná a desistir dos transgênicos. Mas, quem sabe daqui a 19 anos a situação seja diferente.

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Essa é a matéria que eu e o Allan Machado produzimos para a Revista EcoVerbo.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Boletim de Comunicação Interna - SESC Cascavel

Esse foi o nosso projeto experimental (que pretendemos tornar definitivo) para a disciplina de Assessoria de Imprensa, ministrada pela professora Mariara Silva. Foi com ele que ganhamos - eu, Marcele Antonio, Tátila Pereira e Bruna Dessbessel - o prêmio na categoria Assessoria de Imprensa do Seminário de Práticas Jornalísticas da FAG este ano!

A ideia é simples e funcional: estreitar a comunicação entre os funcionários do SESC de Cascavel, que são aproximadamente 30 e se dividem em vários setores.

O boletim (em tamanho A4, frente e verso) terá periodicidade mensal e a matéria prima principal seriam as boas histórias dos próprios funcionários. Contaremos um pouquinho sobre eles em cada edição e, claro, incluiremos também as informações pertinentes à rotina deles dentro do SESC.

Além disso, também pensamos em organizar um 'media training', já que o SESC sempre rende pauta e diversos funcionários concedem entrevistas à imprensa.

Essa é a 1ª edição:




 
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