quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O “espalha brasa” dos ringues

A primeira impressão que se tem ao olhar para Júlio Fabrício Cauan da Silva Wolski é de um garoto tímido, miudinho e bem tranquilo. Bom, tímido ele até é, mas miudinho e tranquilo nem tanto. Com apenas 17 anos, o boxeador cascavelense já demonstrou força e coragem inúmeras vezes nos ringues, é um dos destaques paranaenses na modalidade e promessa de ótimos resultados no Campeonato Brasileiro de Boxe Masculino. Isso mesmo! Em janeiro deste ano, Julio venceu a etapa seletiva para o Brasileiro, que acontecerá entre os dias 02 e 09 de outubro em Vila Velha, Espírito Santo. 

A rotina de treinos e a dedicação justificam a ascensão meteórica do garoto no esporte. Há dois anos e sete meses ele decidiu trocar as partidas de futebol pelo boxe. “Eu sempre jogava futebol com os amigos aqui no Ciro Nardi. Aí um dia vi a academia de boxe ali e resolvi experimentar”, conta. São quatro horas de treino por dia, de segunda a sábado, com direito a fazer alongamento, pular corda, fazer musculação, ginástica e ainda o treino técnico no ringue. E não para por aí. “Também treino em casa, antes de ir para o colégio, com o saco de areia e alguns pesos que tenho lá”, revela. Tudo para aprimorar a técnica. 

Aliás, técnica o garoto tem de sobra! E quem afirma isso é o treinador e grande campeão, Rubens San. “Ele pode parecer fraquinho, mas não é! Tem força e sabe bater no lugar certo. Não é a toa que ganhou o apelido de “espalha brasa”. Quando ele luta é isso que acontece mesmo. Parece que sai faísca”, revela, justificando o apelido que Júlio recebeu. 

Antes de conseguir a classificação para o Campeonato Brasileiro, Júlio também participou de outras competições: Paranaense de 2010, Catarinense de 2010, Torneio entre Cascavel e Marechal Cândido Rondon em abril de 2010 e Torneio entre Foz do Iguaçu e Cascavel em junho de 2010. Foi campeão em todos eles na categoria Peso Galo, para atletas até 54 kg. Entre elas, a vitória mais marcante foi conquistada no Campeonato Catarinense de 2010. Isso porque o pai não estava presente para ver a luta, o que motivou o garoto a vencer. 

Preparo físico, técnica, força, agilidade e coragem. "Não pode ter medo do adversário”, afirma Julio. Esses são os valores que guiam os treinamentos do “espalha brasa”, que sonha em ser profissional no esporte e tem como ídolo e inspiração o campeão mundial Éder Jofre. “Ah, esse menino vai longe! Ele é muito educado, tem boas notas, tem vontade de lutar e não tem vícios, não comete extravagâncias”, elogia Rubens San. 

Antes de disputar o Brasileiro, Júlio e os outros atletas cascavelenses vão participar do Desafio Paraná x São Paulo, que acontece dia 24 deste mês na cidade paulista de Tupã e é uma etapa preparatória para a competição nacional. Vamos torcer para que o “espalha brasa” continue dando muito trabalho para os adversários e traga o título brasileiro para Cascavel!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Quantidade e qualidade não andam juntas na Câmara Municipal

No mês passado, o Observatório Social (ONG que fiscaliza o poder público) lançou uma campanha contra o projeto que prevê o aumento de vereadores em Cascavel, de 15 para 21. Vários outdoors, panfletos e listas com abaixo-assinado foram espalhados pela cidade. O Dr. Gilceo Kein é o responsável jurídico da ONG e explica que um dos objetivos da campanha é reduzir os gastos do Poder Legislativo Municipal. "Uma das formas para fazermos isto é a manutenção do número de 15 vereadores. Cada vereador tem seis assessores e se ocorrer o aumento para 21, teremos automaticamente mais 36 assessores", explica.

O objetivo da ONG é propor uma emenda a Lei Orgânica para derrubar a proposta. "O fato é que o Poder Público não produz nenhuma riqueza e sim retira recursos compulsoriamente da sociedade. O número de vereadores não influencia no trabalho que o Legislativo Municipal desenvolve", conclui o Dr. Gilceo.

Será que aumentar o número de cadeiras é a solução? Foto: Maycon Corazza


Mas, o quê os cidadãos cascavelenses acham desta campanha? Até a tarde do dia 12 de setembro mais de 16.000 assinaturas contra o aumento dos vereadores já haviam sido protocoladas na Câmara Municipal de Cascavel. A escriturária Elieda Rosana Colombo, 48, foi uma das pessoas que colaborou para a campanha. "Assinei sim, porque o número de vereadores que temos hoje para o porte de Cascavel é suficiente. Isso que eles ainda nem fazem o quê deveriam fazer. Mais gente lá, é mais gente sem fazer nada. Poucos trabalham de verdade. Sem falar que o aumento traria mais gastos para o município. Acredito que temos outras prioridades maiores do que pagar salário de vereador”, opina.

O auxiliar de escritório Havner Saymon, 22, também é favorável a manutenção do número de vereadores. “Se os 15 vereadores existentes hoje pouco fazem por Cascavel, não são 21 que vão fazer mais e melhor.” Além disso, Havner também questiona o trabalho realizado pelos atuais vereadores. “Os 15 vereadores que existem fazem e votam seus projetos na surdina, sem que ninguém saiba. Eles não expõem os projetos para a população. Afinal, os vereadores poucos sabiam o que iriam votar quando foi pedida a investigação do fato que colocou em xeque o mandato do prefeito, já acharam que era o impeachment quando na verdade era apenas uma investigação. Então, por que aumentar? Se 15 não sabem o que estão fazendo, imagina 21”, analisa.

Apesar do grande número de pessoas que assinou o documento, muitas ainda ficaram de fora. Ou por não estarem sabendo da campanha ou por não terem acesso. É o caso da auxiliar financeira Adriana Aparecida dos Santos, 29, da autônoma Fernanda Favarin Retcheski, 20, e da acadêmica de Jornalismo Jéssica Tavares, 21. Todas elas disseram que assinariam o documento se tivessem acesso a ele. “Pra quê colocar tanto vereador lá?”, é a indagação delas.

Uma opinião quase unânime entre as pessoas que apoiaram a campanha é de que o dinheiro público precisa ser mais bem investido. A publicitária Fernanda Marques, 26, destaca algumas áreas como prioridade. “O aumento no número de vereadores é só pra ficar mais político sem fazer nada e faturando dinheiro público. Esse dinheiro deve ser usado para melhorias na cidade: saúde, educação, infraestrutura. Acho que já tem gente o bastante para executar as tarefas estabelecidas. Acho ridículo que os vereadores se defendam dizendo que é preciso aumentar o número para melhorar a representatividade na Câmara”, afirma.

Há também aqueles que apoiam o aumento no número de vereadores. Afinal, o que parece ruim para a população pode ser bom para os políticos, ou aos que pensam em entrar na carreira um dia. O publicitário Tiago Menon, 25, não aderiu à campanha pensando no futuro. “Um dos motivos que me levou a não assinar o documento é porque ainda pretendo me candidatar a vereador um dia e acho que com o aumento de cadeiras teria mais chances de me eleger”, revela.

Assim que todas as assinaturas forem protocoladas a Mesa Diretora da Câmara de Vereadores fará a votação da proposta. Se for aprovada até o dia 05 de outubro ela terá validade já para as próximas eleições. “A população precisa estar presente no dia a dia da sociedade, participando das mobilizações que são feitas. O brasileiro ainda não entendeu que o Estado existe para servir o cidadão e não como ocorre hoje, quando se vê diariamente o Estado servindo-se do cidadão”, alerta o Dr. Gilceo Kein.

Outras cidades do Paraná já debateram o assunto e decidiram manter o número atual de vereadores. É o caso de Maringá, Marechal Cândido Rondon, Foz do Iguaçu, Medianeira, Cambé, Santo Antônio da Platina e Agudo do Sul. 

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Leia mais sobre isso no blog Ponto de Observação.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

É inverno ou é verão?

Nos últimos meses, o cascavelense se acostumou a sair de casa de manhã e ter que levar casaco e guarda-chuva. Afinal, está difícil saber de quanto será a variação na temperatura no decorrer de um único dia. Em agosto parece que presenciamos as quatro estações do ano. 

Essa sensação pode ser explicada pelas mudanças bruscas na temperatura. A Estação Meteorológica Davis Vantage Pro 2, localizada no Parque São Paulo registrou a mínima de 02,6ºC e a máxima de 30,8ºC em Cascavel no mês de agosto. 

Foto: Simone Lima
De acordo com o climatologista Lucas Fumagalli, a circulação de massas de ar explica as mudanças de temperatura na cidade. "No inverno, o avanço das massas de ar frio são mais frequentes e intensos na nossa região, devido à baixa radiação solar no hemisfério." Outro fator que colabora para as alterações do frio para o calor em pouco tempo é a localização de Cascavel. "A nossa região é uma zona de transição entre o clima tropical e o clima temperado, por isso é comum a grande variação de temperatura", afirma Lucas. 

Quem acaba sofrendo com isso é a nossa saúde. Junior Cezar Davantel, 24, conta que, em decorrência de um transplante de córnea e de alguns pontos que têm no olho, as mudanças na temperatura causam irritação, coceira e ardência. “Tenho que usar colírio se quiser ficar com os olhos abertos.” Além disso, quando o clima fica seco de uma hora para outra, Junior também sofre com a rinite alérgica. “As vias nasais ficam trancadas, com muita coriza e eu espirro bastante. Isso incomoda muito. Fica bem ruim trabalhar desse jeito”, revela. 

Jenisson Rotter Bearzi, 23, também não gosta das mudanças na temperatura. “Tenho rinite, meio crônica e meio alérgica. Cada vez que o tempo fica nesta indecisão de amanhecer frio, esquentar a tarde e esfriar a noite eu fico com o nariz entupido, a garganta doendo, coceira nos olhos, tosse, espirro, indisposição e um pouco de falta de ar”, conta. 

Com mais de 18 alergias já diagnosticadas, Bruna Lima, 20, sente agravar a rinite asmática com as alterações na temperatura que deixam o clima seco. "Chego a ficar sem ar, meu nariz arde muito, às vezes sangra e meus olhos geralmente ficam inchados", descreve. Para amenizar os sintomas causados pela combinação da rinite com as mudanças climáticas, Bruna tem alguns truques. "Durmo com toalhas úmidas na cabeceira da cama, faço uma solução de água, sal e bicarbonato de sódio para lavar a parte interna do nariz com uma seringa e lavo o rosto várias vezes ao dia". 

Mas, no mês de setembro poderemos respirar mais tranquilos. "Este mês a radiação solar aumenta bastante, com a aproximação da primavera. Assim, aos poucos, as massas de ar frio perdem força sobre o continente e se tornam mais fracas", adianta Lucas. Será que, enfim, poderemos aposentar os casacos?


 
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