sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Entrevista de perfil - Lucinha Silveira



UM SONHO, UMA REALIZAÇÃO E UMA HISTÓRIA PARA CONTAR

Entre tecidos, lápis, papel e um turbilhão de ideias, Maria Lúcia Silveira, 46 anos, mais conhecida como Lucinha Silveira, se tornou ícone da moda em Cascavel e região. Pioneira da alta costura na cidade, empresária, estilista conceituada e mãe de dois filhos, não deixa de cuidar da beleza e pessoalmente de seus negócios. Com muito “jogo de cintura” a estilista consegue conciliar família, estudo, trabalho e ainda sobra um tempo para dar entrevistas, mostrando o que muita gente ainda não sabe. É em meio a esse corre-corre que Lucinha Silveira, relembra o passado e nos conta de uma forma descontraída o que a fez conquistar o sonho de menina que hoje se tornou uma realização de mulher.


Um pouco de história...

Eu nasci em São Paulo/SP e com cinco anos me mudei para Londrina, norte do PR. Foi ali que vivi até concluir minha graduação. Sempre gostei de moda. Desde criança eu desenhava na escola para as coleguinhas e professores, e isso foi fazendo parte do meu dia-a-dia. Já nessa época eu olhava as vitrines e sabia que ia trabalhar com isso, geralmente o que me atraia eram os vestidos de festa e de noiva. Eu olhava e imaginava: eu vou fazer isso algum dia.
Eu não pude começar a realizar esse sonho como eu queria, já que na época só tinha curso de Moda em Minas Gerais. Então, acabei fazendo Educação Artística na UEL que é mais relacionado à moda, por ter desenho.
Comecei a trabalhar com 15 anos, justamente numa loja com roupas de festa e de noivas, onde já desenhava. Eu sempre fui um pouco autodidata, inclusive quando eu ia me formar no Magistério levei o desenho do vestido que queria para o dono da loja. Quando ele viu os desenhos perguntou se era eu quem os fazia e logo me pediu para que desenhasse para alguns clientes japoneses. Aceitei. No dia seguinte, fui contratada pelo Seu Antônio e lá fiquei por sete anos.

Após esse primeiro emprego, você fez cursos na área da moda? Quais?
Fiz. Nossa! Não dá nem para lembrar, foram tantos. Todos os cursos ligados ao desenho, não só de moda, como também desenho artístico, desenho publicitário, desenho de cabelo, desenho de nus, desenho de cabeça... Tudo que aparecia eu fazia; não só em Londrina, como em São Paulo, e agora pela internet eu continuo buscando aprender mais. Atualmente faço Pós-graduação em moda e me formo em novembro. Eu nunca paro: faço curso fora, como já fiz em Paris e em Santa Catarina com o estilista Ronaldo Fraga, um dos melhores do Brasil. Temos que estar sempre nos aperfeiçoando, e reciclando nossos conhecimentos.

Como já foi dito você não é daqui, então o que lhe atraiu para Cascavel?
Na realidade, quando me formei na UEL recebi um convite para trabalhar aqui, na Sarolli Colonial Modas. Parece que não havia estilistas na cidade. A proposta era boa, e como sempre gostei de novos desafios resolvi vir. Era só uma experiência, mas como a cidade me agradou acabei ficando.

Vivemos na “ditadura da beleza”, “ditadura do corpo perfeito”. Isso é válido? Realmente uma mulher super magra veste melhor uma roupa?

Essa questão de cultuar a beleza é bem complicada. Em alguns desfiles, eu coloco clientes minhas que fogem um pouco do padrão, para justamente mostrar que não é só aquela pessoa magérrima que veste bem uma roupa. As modelos hoje realmente são esqueléticas, e se acham gordas ainda, claro, uma roupa cai melhor mas às vezes na passarela as pessoas “normais”, não conseguem nem se enchergar, por isso eu tenho procurado nos desfiles e nos programas que eu faço na TV colocar modelos com um corpo mais próximo do real da maioria.

É necessário muito dinheiro para se vestir bem?

Eu considero que tem que ter bom gosto, porque não precisa gastar muito para se vestir bem. É necessário bom senso, não exagerar. Não se pode fazer com que os estilos se choquem, por isso nós orientamos nossas clientes até por telefone. Às vezes elas ligam dizendo que tem uma determinada ocasião e perguntando qual a roupa mais adequada, qual a melhor combinação, que sapato usar. Há alguns dias uma cliente ligou querendo saber se poderia usar um vestido preto com um sapato branco. Obviamente reprovamos a ideia. São dúvidas corriqueiras. Eu adoro o que faço, é um prazer trabalhar com isso.

E o mercado da moda em Cascavel, perde muito para outros centros? Como é a atual situação?

Eu acho que está “engatinhando” ainda. Nós temos muitas confecções, é uma região que está investindo, percebemos isso, pois temos atacados grandes, o setor de roupa de festa muito bem assessorado. Estamos caminhando para melhor, digamos que estamos médios, mas poderia estar bem melhor (risos).

De onde vem a inspiração para tantas criações?

Não sei se é inspiração ou transpiração (risos). Como eu estudo muito, pesquiso, compro revistas - às vezes caríssimas – com desfiles de criadores europeus e americanos, então eu acho que é de tudo um pouco, lógico que um pouco é inspiração, e muitos anos trabalhando com isso, mas tem que ter prática também, estudar, aprimorar-se, e sempre se reciclar, isso é importantíssimo para qualquer profissional.

Há alguma peça especial, que é o seu “xodó”?

Tenho dois vestidos que guardo aqui na minha sala. São dois vestidos que eu fiz para o Concurso Miss Cascavel. Um dos vestidos foi usado pela Regiane Carvalho, vencedora do Miss Paraná e considerada a eterna Miss Cascavel. Eu nem deixo as peças lá embaixo, elas ficam aqui guardadinhas. São vestidos que eu criei combinando com a candidata e, por isso, são especiais.
Qual a principal diferença que encontramos entre a Lucinha profissional e a mãezona em casa?
Acredito que é a mesma coisa, sou bem parceira, saio com meus filhos, a gente se diverte, participamos muito da vida uns dos outros. Aqui na loja também, sempre decidimos todos juntos, vamos para a balada, é uma convivência bem bacana.

Para você, qual é a definição de moda?
Hoje em dia é dificil definir moda. Até a Channel falava que moda é estilo, pois ele é o que permanece, e a moda passa. Concordo com essa ideia, pois o estilo é tão mais forte do que uma peça de moda, ela é muito passageira e diversificada, portanto poderia definir que moda é estilo.

Hoje você é bem sucedida na área da moda com seu ateliê. Conte-nos como começou esse projeto.

Começou há vinte e um anos, quando eu e meu esposo abrimos uma loja de moda jovem. Depois de 4 anos surgiu essa idéia de locação e estou até hoje satisfeita com o negócio, até porque é uma das minhas paixões.

Você ainda tem algum sonho?

Eu tenho. Quero morar e trabalhar fora do país ou num centro maior.

E hoje, quem é Lucinha Silveira?

Uma mulher guerreira, forte, mãe, que luta muito, trabalha muito, viaja, tem uma vida corrida, e que ainda tem vários objetivos profissionais que espera alcançar. Sou realizada profissionalmente sim, mas eu sempre quero mais, sempre quero aprender mais.

JOGO RÁPIDO COM LUCINHA

Um ídolo = Coco Channel;
Um lugar = Fernando de Noronha;
Um momento = o nascimento do meu primeiro filho;
Um sonho = conhecer o Egito;
Uma pessoa = pai;
Uma comida = árabe;
Um bebida = água mineral;
Uma banda = Pink Floyd.

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Entrevista realizada pelas acadêmicas de Jornalismo da FAG, Adriane Kappes, Jéssica Moreira, Nathália Sartorato, Priscila Rabaioli, Simone Lima e Tátila Pereira :)

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