sábado, 12 de novembro de 2011

Capitalismo verde, o assunto para não debater

Algumas semanas atrás, tive uma experiência bem decepcionante na minha vida acadêmica, que me fez perceber - ou talvez apenas confirmar - qual é o 'mecanismo' por trás da mídia cascavelense. 

Capitalismo verde. Esse foi o tema escolhido para um debate radio jornalístico que deveríamos promover. Minha função era encontrar personagens interessantes e que pudessem debater de forma saudável o assunto. Logo pensei nos 'ambientalistas' - se é que assim podemos chamá-los - e também no outro lado da moeda, os 'capitalistas'. O primeiro grupo foi facilmente contatado e aceitou com prontidão o convite. Já o grupo seguinte foi o que podemos definir de frustrante. Foram vários dias tentando convencer grandes empresários da cidade a participar, para que eles pudessem demonstrar que o capitalismo pode sim ser verde e para que, da nossa parte, os dois lados tivessem voz. Ingenuidade minha. Infelizmente, como disse um dos nossos convidados durante o debate, o capitalismo para eles é verde sim. Verde de dinheiro! 

Catuaí, Super Muffato, Super Beal, JL e diversas outras empresas da cidade recusaram - com educação, é verdade - o nosso convite. O que me deixou realmente intrigada é que eu, no alto da minha imaturidade jornalística, não compreendia porque eles desperdiçavam a oportunidade que ofertávamos à eles de se defender, de mostrar as ações sustentáveis que praticam e até mesmo de se promover como empresa ecologicamente correta. Tudo isso estava ali, entregue de bandeja. 

Mas, logo depois lembrei daquele ditado: quem não deve, não teme. E, quem diria, eles temeram... Afinal, o que um simples debate rádio jornalístico acadêmico poderia mudar em suas vidas? Nada, é verdade. Sabemos que não temos nenhum poder de expressão como os grandes veículos de comunicação na cidade. E com esses eles não se preocupam mais. São carta fora do baralho. Ou seriam a 'carta na manga'? A maioria dos convidados que se recusou a participar do debate tem algum 'rabo preso' e também tem grande influência sobre a imprensa cascavelense. Mas, é claro que isso é apenas coincidência! Uma bela coincidência que foi revelada durante o debate, por aqueles que não temeram e estiveram lá, discutindo aquele que é o 'lema' de toda empresa que se preze. 

Simplesmente recusaram o convite e acreditaram que assim o assunto estaria morto. Agora a ingenuidade foi deles. Certamente não haverá nada nos jornais, nos noticiários da TV ou nos boletins dos rádios. Mas, nesse pequeno espaço que me resta, longe da invisível censura política que predomina na cidade, registro a minha profunda decepção. Decepção por acreditar que o jornalismo pode, um dia, ser livre. Decepção por acreditar que as pessoas que podem fazer algo relevante pelo planeta estariam preocupadas com isso. Decepção por ainda me indignar diante daquilo que não julgo correto, ainda que isso seja um ato solo.

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