quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Trabalhando o foco narrativo

Depois de uma semana super agitada e de muita produção, está na hora de atualizar esse blog! O texto que eu vou mostrar agora foi um desafio! Com a proposta de trabalhar o foco narrativo, eu tinha que contar um fato que já aconteceu comigo, mas com o olhar de um grupo de pessoas que também participou desse fato. Ou seja, eu precisava falar sobre mim, mas não utilizando a 1ª pessoa do singular e sim a 3ª pessoa do plural. Deu pra entender? É, eu sei que é complicado. Talvez com a leitura do texto isso fique mais claro :)

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A garota do ônibus

Todos os dias nós a encontrávamos, no mesmo horário e no mesmo lugar. Não era exatamente um encontro porque não era planejado e sim inevitável. Ela estava sempre atrasada e aí era engraçado o modo como gesticulava enlouquecidamente para que o motorista a esperasse.
Parecia uma pessoa simpática, mas nunca trocou uma só palavra conosco. Estava sempre ‘alienada’ em suas músicas, às vezes em um volume tão alto que os pobres fones de ouvido não davam conta de absorver. O gosto musical era questionável. Variava do sertanejo à MPB e assim divergia nossas opiniões.
Carregava uma bolsa que vivia cheia e, visivelmente, bastante pesada, o que causava a ela certo desconforto. Talvez isso justificasse o ato pouco respeitoso com que roubava os nossos acentos e nos deixava furiosos. Uma jovem sentada e nós, pessoas mais velhas, em pé!
Por dez minutos tínhamos o mesmo destino, depois ficava uma dúvida. Ela não usava nenhum uniforme, ou carregava algum objeto que nos ajudasse a identificar para onde ia. A expressão sempre cansada nos fazia pensar em algo como um escritório onde ela, pela pouca idade, talvez fosse estagiária.
Concordávamos que ela não era lá muito vaidosa. O rosto estava sempre sem maquiagem, as unhas sem esmalte e os cabelos soltos.
O terminal era nossa linha de chegada. Com o ônibus ainda em movimento, ela nos atropelava e descia correndo para pegar o próximo ônibus, que já estava de partida.
Diversas vezes nós reclamamos do comportamento que ela tinha, até que um dia ela não apareceu mais. Alguns acharam que ela tinha pedido o emprego, outros diziam que havia ganhado um carro. A verdadeira razão para o seu ‘sumiço’ nós não sabemos, mas sabemos que daquele dia em diante tudo pareceu menos apressado, agitado e engraçado.

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