quinta-feira, 24 de junho de 2010

Voz, letra e simpatia

Bom, eu não pretendia postar este texto aqui, mas acabo de saber que eu tirei 100 com ele. É minha primeira "crítica musical" e eu realmente não gostei, mas ela deve ter algo que agradou ao doutor Silvio Demétrio e que, talvez, agrade a mais alguém :)
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Voz, letra e simpatia


Maria Gadú. Este talvez seja um nome ainda desconhecido para muitas pessoas. “Ah, aquela do Shimbalaiê? Acho que já ouvi uma vez...”. Bom, sabemos que a MPB não é a praia de muita gente do interior do Paraná, mas a cantora revelação de apenas 22 anos está ganhando os palcos de todo o Brasil.

Seu CD de estréia titulado “Maria Gadú”, apenas pelo encarte já nos mostra porque ela é uma cantora diferente. O “foto-livro-encarte” é repleto de belíssimas fotografias que nos remetem ao outono e demonstram a intimidade de Maria com seu violão e sua adoração pelas coisas simples e naturais, como uma flor ou um céu azul. O álbum tem 13 faixas, sendo 8 de autoria da intérprete.

A primeira faixa, “Bela Flor” me faz sentir a calma e a tranqüilidade de uma cidade pequena, quase um vilarejo de meados dos anos 70/80, onde as pessoas levavam uma vida sossegada. A combinação de melodia, arranjo e a voz mais imponente de Maria Gadú evitam a sensação de “excesso de calma” que a música poderia transmitir. A letra que trata de elementos da natureza reforçam a ideia de tranqüilidade e paz.

Diferentemente da canção anterior, “Altar Particular” traz consigo um tom de melancolia boemia, que ao mesmo tempo é amenizada por um arranjo que lembra o samba e que, por isso, confere um pouco mais de ânimo à canção.

A faixa 3 é uma homenagem de Maria Gadú à sua avó, “Dona Cila”. Ela assim o faz no encarte: “dedico este disco a uma mulher excepcional e incrível que passou pelo mundo perfumando e colorindo a minha existência e a de todos que tiverem o imenso prazer de conhecê-la. Minha “Deusa de Ébano”, Dona Cila, vó querida!”. A canção parece estar sendo recitada, quase como um poema, cheio de emoção por se tratar de uma homenagem. O arranjo em alguns momentos parece confuso, misturando de forma desagradável bateria, guitarra, violão, acordeom e percussão. Mas o fato não se estende por toda a música. Na composição total a música é agradável de ser ouvida.

A música mais conhecida de seu repertório, “Shimbalaiê” é perfeita para se ouvir na praia, em um fim de tarde. Envolvente, a canção te convida a dançar ao mesmo tempo em que te faz querer “deitar na areia” e apenas escutá-la.

A introdução da música “Escudos” carrega certo sofrimento, mas que no decorrer da canção vai se desfazendo e se alternando com momentos de mais explosão e vivacidade. Não é uma canção das mais animadoras.

A canção francesa “Ne Me Quitte Pas”, de Jacques Brel é interpretada por Maria Gadú na letra original e carrega consigo o ritmo, a elegância e o charme da música européia, mais presentes nesta versão do que na original.

“Tudo diferente” é o tipo de música que eu gostaria de ouvir em uma serenata. O som destacado do violino lhe confere características muito românticas. É uma canção encantadora.

A música “Laranja”, faixa 8, conta com a participação especial de Leandro Léo. É, sem dúvida, a música mais animada do disco, fugindo à melodia habitual das outras canções. O arranjo é bem harmonioso e segue a linha mais agitada do início ao fim da canção.

Neste disco Maria Gadú faz um agradecimento especial a Marisa Monte, fonte de suas inspirações. A canção “Lounge” lembra Marisa. Tanto pelo ritmo como pela entonação dada à letra. A música transmite a sensualidade na sua forma mais feminina e delicada.

Esperança, alegria, sofrimento. É possível sentir tudo isso ouvindo “Linda Rosa”. A letra faz referência à história do “Cravo que brigou com a rosa...” e nos remete ligeiramente à infância.

A faixa 11 é “Encontro” e assim como “Shimbalaiê” me faz lembrar do mar, da praia. Talvez pelo misto de tranqüilidade e euforia que este ambiente me causa ou pelo ritmo da música que parece estar em compasso com o balanço do mar.

“A História de Lily Braun” é uma composição de Edu Lobo e Chico Buarque. Na interpretação de Maria Gadú a música tem um “quê” de mistério, com um ritmo que me lembra Pantera Cor-de-rosa e detetives de filmes antigos.

O disco é encerrado com a interpretação de Maria Gadú da música “Baba” da cantora pop Kelly Key. Com um arranjo totalmente modificado (utilizando apenas um violão) e adaptado à MPB, Gadú mostra que até mesmo uma música da Kelly Key pode ser trabalhada e ficar agradável aos nossos ouvidos.

Apesar do caminho ainda pequeno trilhado por Maria Gadú seu primeiro disco já revela algumas características desta nova e surpreendente voz da MPB. É como se ela deitasse em uma rede, pegasse o violão e, com a maior simplicidade fizesse música!

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